A LETRA CURSIVA VAI DESAPARECER?
(Anne Lieri)
Muitos pais se preocupam com a questão da letra cursiva (de mão)
no processo de alfabetização da criança.
Com o advento do construtivismo, as escolas passaram a utilizar
a letra bastão maiúscula (de fôrma), em detrimento da letra cursiva.
Pesquisas feitas mostram que a letra bastão tem a vantagem de
ser mais facilmente reconhecida pela criança e, mesmo invertida é melhor a sua
visualização.
Para as crianças é muito mais fácil escrever com a letra bastão
do que com a cursiva que exige maior coordenação motora.
Entretanto não podemos esquecer a função histórica da letra de
mão. Por que ela apareceu?
Sem muitos rodeios e detalhes, digamos que ela surgiu porque
facilitava a escrita mais rápida, pequenas anotações e breves textos.
Com o uso frequente da internet e a não exigência das escolas de
educação infantil com relação ao uso da letra cursiva, questiona-se sua
tendência em desaparecer com o tempo.
Somente na primeira série a criança aprenderá a fazer o traçado
das letras de mão em formato minúsculo e maiúsculo.
Isso não significa que ela não conheça essas letras que podem
ser apresentadas durante as leituras, ao contar histórias e a escrita pela
professora no quadro.
Por exemplo, durante a construção de um texto coletivo, onde os alunos ditam a história e a professora escreve.
Portanto, não acredito que a letra cursiva vá desaparecer.
Aliás, devemos incentivar mais o uso da letra cursiva, que de
alguns anos para cá, tornou-se a "letra maldita", praticamente proibida de ser ensinada!
Nem tanto ao mar e nem tanto á terra.
Forçar uma criança a fazer o traçado correto da letra aos quatro
ou cinco anos, ou em qualquer idade, não concordo.
Não concordo com nada forçado. É desestimulante e sem bons resultados.
Entretanto, se a criança mostra-se interessada, preparada para
tal, por que não incentivá-la?
Não há necessidade de “encher cadernos de caligrafia” (embora
ajudem muitas vezes!), mas se nossos alunos só escreverem com letra bastão e
usando os teclados de um computador, em salas de bate papo, temo muito pelo
futuro da língua portuguesa e da comunicação tradicional em geral.
Essa é apenas minha opinião baseada em algumas leituras ao longo da carreira e na vivência em sala de aula, mas aceito novas ideias: o que você acha?